O processo de perda não é vivenciado com naturalidade em nossa cultura. Não somos preparados nem tampouco instruídos para lidar com a morte de um ente querido. Quando isso ocorre, geralmente a vivência do luto é limitada e deturpada por diversos mitos sociais. O Doutor Alan Wolfelt, educador e conselheiro na superação do luto, descreve em seu livro “Healing The Adult Child’s Grieving Heart (Curando o coração de um filho adulto)”, as seis necessidades do luto, atitudes que nos auxiliam e nos permitem lidar com a situação de perda de uma maneira mais leve.
Reconhecer a Realidade da Morte
Uma das maiores dificuldades no processo de perda é reconhecer a realidade da morte. Entender que o seu ente querido não estará mais presente fisicamente para você, é um fato difícil de encarar. O especialista explica que essa situação deve ser vivenciada aos poucos, de uma forma dosada e gradativa ao longo do tempo. Para ele, primeiramente a realidade da perda é assimilada na “cabeça”, ou seja, na mente, e só depois chega ao “coração”, que é a área onde preservamos os nossos sentimentos.
Abrace a Dor da Perda
Talvez seja estranho para você a recomendação de “abraçar a dor”. Constantemente quando perdemos alguém que amamos, as pessoas nos aconselham a evitar o máximo a dor e a tristeza, como uma estratégia para nos mantermos forte. Mas a verdade é que experienciar essa dor é a melhor maneira de superá-la. Segundo o Doutor Alan, a dor é necessária e faz parte do processo de luto. Ele ressalta ainda que a vivência do sofrimento da perda não deve ser tratada como uma fraqueza ou exagero emocional, afinal, só quem está lidando com o luto entende a dimensão da perda.
Lembre o ente querido que morreu
Preservar a memória dos que já se foram é uma das necessidades pontuadas por Wolfelt. Para o doutor, guardar e exibir fotografias e outras memórias, ajudam a falar sobre a vida e a morte do ente querido. As lembranças materializadas em objetos são importantes para outro aspecto citado pelo especialista, a construção de um memorial. Ele cita em outro trecho do livro, que a presença de um objeto associado ao parente falecido pode oferecer conforto ao enlutado e deve ser mantido como instrumento para ajudar na superação.
Desenvolva uma nova auto-identidade
Para a psicologia, a construção da auto-identidade é desenvolvida pelas relações que o indivíduo tem com o mundo e com outras pessoas. Quando trata-se das relações familiares, a intervenção com a formação da identidade é bem maior. Portanto, quando perdemos algum ente mais próximo como nosso pai ou mãe, por exemplo, precisamos recriar nossa identidade. Esse processo nos auxilia a enxergar nosso papel no mundo de outra maneira e nos proporciona mudanças positivas.
Procurar por significado
A busca por significado é uma atitude recorrente no processo de perda. Por diversas vezes a experiência de perder alguém que amamos nos remete a refletir e questionar a vida e a morte. As perguntas surgem naturalmente: “Por que minha mãe morreu assim?” “Por que meu pai teve de ficar doente?.” Segundo o Dr. Alan, provavelmente você vai explorar sua fé ou espiritualidade nesses momentos, mas isso não significa que não possa chorar ou lamentar essa perda.
Receba suporte constante dos outros
Quando estamos sofrendo com o luto, é comum ouvir frases de pessoas próximas a nós como “vai passar” ou “Você vai ficar bem”. A intenção é que busquemos nos distanciar da dor e do sofrimento. Mas, a realidade é que é preciso reconhecer a necessidade de ter o apoio constante dos nossos amigos e familiares, sem ocultar os momentos de fragilidade que nos acometem. O especialista aconselha a procura pelo apoio constante de amigos e familiares, no período de tempo necessário, sem preocupar-se em forçar a superação.
O Dr. Alan D. Wolfelt é autor, educador e conselheiro no processo de luto. Ele também é Fundador e Diretor do Center for Loss e Life Transition, localizado em Fort Collins, Estados Unidos. Visto como referência internacional na psicologia do luto, tem várias de suas obras como referência para quem necessita de ajuda ao enfrentar os momentos de perda.