Apesar de ser um fator natural, perder um ente querido é sempre doloroso e, muitas vezes, difícil de aceitar. Quando a morte é proveniente de uma situação de suicídio, o sentimento pode se potencializar e trazer com ele um conjunto de desafios para aqueles que ficaram. O sentimento de culpa, remorso, vergonha e a busca incessante do porquê, são características que devem ser trabalhadas.
O assunto ainda é tabu, mas é sempre necessário falar sobre a questão, para auxiliar na prevenção.
Embora pareça difícil lidar com a perda, superá-la ou aprender a conviver com ela é possível. O primeiro passo é não se martirizar por alguma situação mal resolvida, como destaca a psicóloga e especialista, Mariana Simonetti.
“As pessoas mais próximas, como filhos, pais ou cônjuges, precisam se fortalecer no sentido de compreender que a responsabilidade da situação não partiu exatamente delas. A ideia de cometer suicídio é construída geralmente por uma diversidade de fatores, somada à fragilidade emocional”, comenta.
O estigma acerca do suicídio pode fazer com que seja difícil para os que ficaram lidar com o receio, mágoa e dúvidas, podendo refletir em situações de isolamento e negativa, lembra a psicóloga. Apostar principalmente no acolhimento da dor é o ideal. “É preciso ter o cuidado com as perguntas e estar mais disposto a ouvir do que falar”, resume a especialista.
Em casos mais específicos, os familiares e amigos de vítimas de suicídio podem, também, procurar alguns grupos de apoio, onde encontram pessoas que passaram por experiências semelhantes.
“O processo de luto como um todo, assim como outros processos da vida, precisa ser vivenciado como algo natural, no sentido de que somos seres humanos, formamos vínculos e em um determinado momento eles se rompem. Naturalizar a morte e essa quebra de vínculo pode ajudar no processo de superação do luto. No caso do suicídio, talvez a ideia de naturalizar fique mais difícil, mas permitir-se vivenciar a dor da perda e falar sobre ela é um passo importante para ressignificar tal experiência dolorosa”, finaliza.